Bactérias que produzem roupas

Com que roupa eu vou? Se você é o tipo pessoa que se preocupa com o meio ambiente, em breve, você poderá usar roupas produzidas ecologicamente por bactérias. Este tipo de roupa está ganhando espaço no mercado brasileiro, entretanto, o uso de bactérias na produção de tecidos já vem sendo pesquisado há décadas.

A mudança está em substituir o uso de matéria prima de origem animal (como o boi para obter o couro) e vegetal (como o bicho da seda) por material têxtil sustentável produzido por bactérias, fungos e leveduras. Este tipo de produção têxtil, conhecido no mercado da moda como biotecido, já está sendo produzido no Brasil utilizando colônias de bactérias.

Biotecido X Algodão

Tecidos elaborados por bactérias dispensam o uso de maquinário pesado (teares Industriais) e utilizam basicamente tubos de ensaios, balões volumétricos, placas de Petri, dentre outros recursos laboratoriais. Na prática, envolve basicamente as seguintes etapas: o cultivo das bactérias, a multiplicação das colônias de bactérias e a transferência das colônias para recipientes contendo líquido rico em nutrientes. Após um período, que pode ser de até­­ um mês, obtém-se um filme de celulose que após passar por vários processos (esterilização, lavagem, secagem, dentre outros) resulta em tecido de celulósico à base de bactérias.

A produção de biotecido utilizando bactérias apresenta algumas vantagens comparativamente à produção têxtil por algodão. Dentre as melhorias tem-se: a redução no consumo de água (produção de 1 quilo de algodão têxtil requer ate 10.000 litros de água), além de ser compostável e gerar descarte biodegradável. Outra vantagem é a possibilidade de adicionar medicamentos ao tecido celulósico que podem atuar como curativos.

No Brasil a startup Biotecam (RJ) desenvolveu um biotecido utilizando a bactéria do gênero Acetobacter. Esta bactéria é a mesma que transforma o vinho em vinagre. Obtiveram um filme de celulose que se parece com couro e é adequado para confecção de roupas e acessórios como bolsas e sapatos.  Este biotecido ainda é caro em função da produção em pequena escala e baixa demanda, mas está ganhando notoriedade no mercado nacional e, portanto, um custo mais competitivo.

Roupa de Biotecido TEXTICEL. Fonte: Pinterest-Biotecam

Biotecido X Algodão

Em 2017, a estilista Stella McCartny em uma parceria com a empresa Bolt Threads apresentou, pela primeira vez, no Museu de Arte Moderna de Nova York-MoMA, sua coleção utilizando tecidos biotecnológicos, como a microsseda produzida por leveduras. O processo envolveu bioengenharia, isto é, modificação genética da levedura (a mesma utilizada na fermentação de pães e cervejas) utilizando genes de aranhas. Como resultado obtiveram fios resistentes e maleáveis similares aos fios de teias. Desta forma, a estilista consolidou-se como pioneira no segmento da moda fazendo uso de seda de aranha sintética.

Vestido de Stella McCartny, utilizando o tecido Biotecnológico Microsilk™ da BoltThreads. E foi apresentado pela primeira vez na exposição “A Moda é Moderna?”, no Museu de Arte Moderna de Nova York-MoMA. Fonte: Bolt Threads.

Portanto, use roupa biotecnológica. O planeta agradece.

Fontes

Autossustentável

Embrapa Algodão

Bolt Threads

Biotecam

Pinterest-Biotecam

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *