JORNALISTAS: SEM ELES NÃO HÁ HISTÓRIA

O Dia Internacional do Jornalista é comemorado em 8 de setembro em vários países. No Brasil a data é comemorada em 7 de abril, desde 1931. Esta data foi instituída por decisão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em homenagem ao médico Giovanni Battista Líbero Badaró que teve atuação histórica marcante no que diz respeito à liberdade de impressa no Brasil Império.

Para entender esse contexto histórico é preciso retornar a época do Brasil Império. Com a chegada da família real portuguesa estabeleceu-se o primeiro jornal impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro em 1808, que era editado sob censura prévia. As notícias eram manipuladas sempre a favor da corte.  Em 1822 com a proclamação da Independência do Brasil a Gazeta deixou de circular no país, mas a liberdade de impressa estava longe de ser realidade e Líbero Badaró (como ficou conhecido), um defensor da liberdade de impressa, morreu por expor ideias que contrariavam os homens no poder. Nascido em 1798 em Laigueglia na Itália, Líbero Badaró formou-se em medicina. Em 1826 mudou-se para o Brasil e fixou-se em São Paulo onde fundou o Jornal “O Observador Constitucional” (1829), de âmbito liberal, no qual fazia críticas ao autoritarismo crescente do Imperador D. Pedro I. Em 22 de novembro de 1830 quando retornava para sua casa foi atingido por tiros na rua São José (rua que mais tarde levaria seu nome) por inimigos políticos. Sua morte aumentou a revolta de populares e políticos que eram contra a repressão imposta pelo monarca, levando D. Pedro I a abicar do trono em 07 de abril de 1831, deixando em seu lugar seu filho Pedro II com apenas 14 anos.

Outro acontecimento vinculado à escolha do dia do jornalismo tem também influencia histórica e diz respeito a criação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 7 de abril de 1908 no Rio de janeiro. Idealizada pelo Jornalista Gustavo Lacerda a consolidação da ABI não foi tarefa fácil. Seus fundadores eram tratados com descaso e hostilidade. Além disso, durante muitos anos, a ABI acomodou-se em espaços alugados e somente na década de 1930 passou a ter sede própria, vindo a se tornar um marco na arquitetura moderna brasileira, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Estadual em 1965.

Em 1888 com a abolição da escravatura e o avanço na educação básica a impressa brasileira tornou-se mais popular e com maior abrangência. Mas somente na década de 1940, surgiu o primeiro curso e Jornalismo no Brasil, a Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero em 16 de maio de 1947.

O jovem Cásper Líbero aos 19 anos formou-se como bacharel em Ciência Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito Largo São Francisco.  Aos 21 anos criou a primeira agência de notícias 100% nacional e aos 23 anos foi um dos fundadores do jornal “Última Hora”.  Com 29 anos tornou-se diretor e proprietário do jornal “A Gazeta” e, apaixonado por esportes, idealizou a “A Gazeta Esportiva” revolucionando o conceito de jornalismo no país. Ainda, com a difusão do rádio no país, investiu também nesse meio de comunicação adquirindo a emissora “Rádio Educadora Paulista” (pioneira de São Paulo).  Tragicamente, em 27 de agosto de 1943, um acidente aéreo tirou a vida do jornalista. Como não tinha herdeiros, o jornalista deixou expresso em seu testamento o desejo de que seus bens fossem destinados à criação de uma fundação para assegurar a prosperidade de seus meios de comunicação (“A Gazeta”, “A Gazeta Esportiva” e a “Rádio Gazeta”) e prover educação qualificada para preparar futuros jornalistas

Coincidência ou não, o significado de líbero remete à liberdade e tanto Líbero Badaró como Cásper Líbero foram nomes fundamentais na idealização da liberdade de impressa consolidando a profissão de jornalismo no Brasil.

A presença feminina na imprensa teve início em 1852 com o Jornal das Senhoras, no Rio de Janeiro, dirigido exclusivamente por mulheres que atuavam como cronistas, folhetinistas, articulistas, ensaístas e poetisas, mas não como repórteres. A primeira mulher a trabalhar como repórter foi Eugênia Brandão. Em 1914, com apenas 16 anos ela começou sua atividade na imprensa como “reportisa” dos jornais cariocas “A Rua” e “Última Hora”. Mas precisou superar alguns obstáculos e usar sua criatividade, pois no início do século as funções de repórter eram exclusivas dos homens.  Com trajes masculinos apresentou seus textos no vespertino “Última Hora”. Com boa redação e muita ousadia na escrita conseguiu o emprego de repórter. Sem esconder seu gênero, teve suas matérias publicadas, o que foi um choque para o público, mas não para os seus colegas de profissão que declaram “não notamos nenhuma estranheza, é que ela era tão boa, tão simples, tão alegre, radiante que parecia que era um rapaz como nós outros, com a mesma maneira de ver, com os mesmos hábitos” (ÚLTIMA HORA, 1914 apud COTRIM, Álvaro, 1979, p. 19).

O jornalista é o relator do nosso cotidiano, o responsável por registar a memória da sociedade.

Homenagem do Jovem cientista aos jornalistas.

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